Fiori


Não quero ser envolto na beleza turva das nossas palavras se a beleza delas não vai além da representação. Não quero ser joguete de minhas quimeras, não quero a flor de lótus morta boiando impávida na superfície. Antes a beleza lamacenta do fundo do lago escuro, o visgo. Vivo contra o cristal etéreo e vazio. Quero notas de chumbo tocando o meu nó vital apesar de minha pele e da sua pele. Não quero a beleza de ver beleza em tudo, quero a essência inomeável. Quero o prazer da ignorância, a impotência diante do inclassificável. Quero o que não é bom nem mau e, além disso, é. O que quero existe tão profundamente que me regozijo com o quase que é tentar dizer o que quero. Me preenche mesmo em fotografia, mas é real demais pra ser fotografado.

Comentários

Postagens mais visitadas