Dublin



Depois de andar largas avenidas

Sob o sol do cerrado 

E a luz refletida em mármore

Do topo de uma mesa, 

Depois de quilômetros em marcha

No sonho amorfo de alguém, 

Fui onde me recusava

Morar na escuridão da escadaria da rodoviária 

Por que me foi negada a possibilidade de 

Um beco aceitável 

De algo menos inorgânico 

Não por demérito da luz, 

Mas por escárnio daquilo que há em mim:

Uma viela que termina em nada

Na bruma 

O vapor de chaminés 

Um cilindro de vidro rolando no metal

Uma parede com tetas 

Uma velhinha de bengalas 

Que vende tabaco e tranças

Embutidos de osso, de sangue

Homens de saia gritando nas ruas

Olhares furtivos

O ruído de capas de chuva

Estátuas de homens e mulheres que desconheço

Em pedestais de cobre

Um lago negro

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