Il a voulu


Eu tenho medo de aprender. Meu pensamento nasceu com o desenvolvimento da linguagem e também nele perdeu a essência. Queria me lembrar de quando eu sentia antes de saber falar, e eu sentia tão profundamente que era impronunciável. Quero fôlego para ignorar a lógica e balbuciar coisas sem sentido, que brotam dos pulmões, do coração, do sangue. Quero ser livre dos grilhões das palavras, quero não ter razão. Quero descer tão profundamente em mim mesmo que encontre o mundo, quero ser preenchido pelo vácuo.

Ou talvez eu não queira nada. Eu quis. Agora que disse que queria, eu quis. E não pode ser “querer” o que sinto, porque não sinto palavras, sinto se... não, não sinto nada delimitável. Sinto nada. Senti nada. Preciso que os surdos me compreendam. Que encontrem na chama opaca do meu olhar o vapor mais livre e chorem de compaixão. Quero que nossas entranhas se toquem sem o intermédio de palavras, mas agora é tarde, já comecei a dizer, logo não quero mais, eu quis.

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