Di(s)manche


É possível um diálogo de silêncios? Aprendemos na interação. E o que se sabe da não interação? O que se aprende do isolamento? É certo que se aprende. Não das coisas dos homens, mas do mundo. Talvez de um só homem. O domingo se arrasta, infestado do cheiro de incenso, traços obtusos. E o que se aprende do domingo? Não é domingo um isolamento? Um ritual de passagem para a semana, cheia. E o domingo incomensurável. Uma bolha tão transparente que jamais notamos. E o que há após a vida senão domingo? Não organizem o domingo! Qual o sentido da semana? Pra que serve tudo o que fazemos senão para que possamos parar de fazer no domingo? E no primeiro dia ele acabou com os outros dias, e viu que era bom. Haja luz? Haja equilíbrio! Que os domingos nos permitam apodrecer! Haja luz! E o infinito foi transformado em pedaços inúteis oscilando no universo. Não me organize no domingo, Deus! “A vida voa baixinho”. Porque nem Deus suportou o Deus e se desfez em poeira pra se compreender. E viu que era bom, mas não era o bastante. Vamos apertando o que não entendemos, deixa pra domingo. E agora já entendemos tudo. Não é assustador entender um domingo? Um domingo não é inteligível! Quero a incerteza! Quero não saber o que será do domingo! Eu te quero Deus, completo, tu e o diabo num só. Tu e tu. Eu não existirei mais, prometo.

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