Delega-dor.
Estendas
os braços a quem não te importa e o teu corpo se impregnará na cor leitosa do
nada. Nada nos deixa ilesos e as indagações mais absurdas parecem pertinentes.
Encerre teus olhos ariscos, de serra, em teu apartamento. E tua serva, que
busque pelo que pedes. Que se lance a tentar enxergar o grão de divindade,
enquanto tu assistes. Que te assistam os céus. Assim teu corpo não se fará
mortalha enquanto tua mente perscruta o que ela mesmo inventou. Sim, tua serva
inventiva. Que te cerque de cismas e conclusões, mas, sobretudo, que só volte
com a certeza. E que, finalmente, enquanto receptáculo, já estejas morto para
recebê-la única e brutal, o solitário mandamento: não delegarás a pergunta.
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