Intricate
Estalam em poeira acobreada, os nós dos dedos.
A ferrugem se vai aos poucos, mas a pergunta fica. Os dedos não servem, apesar
de quase todo o resto escravizado. O corpo, demoníaco, estagnado em meio à
loucura do carnaval, mas os dedos ficam, observam de longe a multidão, sambam.
Dedos feridos que rompem, sem intuito de vingança, hifas e micélios. Talvez, o
contrário, dedos que tecem hifas e micélios, tramam a revolta, amanita
muscaria. Mas há dedos angelicais que (não) imaginam o seu poder.
Quando as formigas banqueteiam em açúcar, pra
elas diamantes, será que percebem que ainda trabalham? Será que sabem que,
satisfeitas e ornadas, minam ainda? Será que notam que o dedo indiferente que
sobre elas paira, sem mais o que fazer, pode decidir acabar com sua existência?
O que você fez da vida, dona formiguinha? Eu farejava alguma coisa, um rastro,
e ... E a outra que ia doida, fora da fila? Marco Polo das formigas, foi
arrebatada, um reluzir através de uma grande lente.
Mas e os dedos? Os dedos não veem, os dedos
são. Os dedos deslizam entre as teclas e matam sem perceber. Os dedos são bons, reclamam dos
calos, mas são legais. Aliás, os dedos só fazem o que é mandado pela cabeça. E
depois? Depois definham todos, dedos, tecidos, membros...
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