Iwazaru




Pequeninas rosas de Hiroshima feitas de água, em vez de radiação. Seus pés pipocavam pela rua alagada da chuva do dia anterior, ele andava com uma velocidade que lhe era natural, mas aos outros era como se fugisse de algo.

-Eu gostaria de falar com o senhor ...

-É ele.

-Olá, aqui é da ..., entrevista, amanhã às 10.

Ele repetia mentalmente, ensaiava o que diria, ensaiava também as perguntas que a ele seriam feitas. Chegou ao local e foi recebido por uma mulherzinha muito loira, de um loiro muito artificial, mas loira. Com umas 30 pulseiras em cada braço e mascando chicletes. Esperou até que fosse atendido. Então, um homem muito elegante apareceu, olhos amendoados, barba feita, sapatos bem engraxados. Entrou no escritório do homem com uma sensação de inferioridade e, então, se esqueceu do que iria dizer. O homem o perguntou como numa inquisição, como se duvidasse dele. Desarmado, ele deu respostas vagas e estranhas que não condiziam com seu ser. Ainda assim, saiu com uma alegria, uma esperança de que tudo fosse bem. Enquanto ele se distanciava calado, pensava no que havia dito de errado.

A mulher, artificial, plástica, olhou como que querendo algo:

- E aí, vai contratar ele?

- Não, só um idiota qualquer, por enquanto eu quero você na minha sala pra que a gente resolva umas coisas pendentes.

- Ah é, que tipo de coisas?

- Aquelas que você bem sabe.

-Sei é?

Foi caminhando e rebolando como um robô até a sala. A porta se fechou com um estrondo, quase o mesmo daquele ... Acabando de sair da entrevista de um emprego promissor, fora atropelado, caído no chão, no último suspiro, ele pensou que não era justo morrer agora que sua vida havia se encaminhado.

Comentários

Anônimo disse…
então, é bem irônico... uns fodem e outros se fodem, de um jeito ou de outro, embora achem que se fosse de outro jeito eles é que foderiam...

hahaha... acho que foi o cementarário com mais fode que eu já escrevi...

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